Visitando um grande amigo e cliente na semana do dia 11 de Março, vi uma baixa na produtividade em um dos seus grupos de maior alta performance e o que chamamos de coração para o tipo de empresa que ele tem e o que ele oferece aos seus clientes.
Primeira surpresa foi quando eu cheguei ao escritório dele, totalmente inovador, com espaços para descanso, área de jogos, área para meditar e espaços para assistir algumas palestras sobre determinado tema de uma outra área, tendências de mercado, principais acontecimentos do dia que influenciam o ramo que a empresa está atuando.
Tudo muito lindo por um único detalhe, eu conheço esse meu amigo há 39 anos, ou seja, desde os 6 anos, um cara super competente, trabalhador, mão na massa, parceiro e extremamente dedicado, porém super conservador, eu o compararia com um homem que corre risco ZERO e extremamente controlador.
Ele, lamentando comigo que, gastou uma média de X milhões para modernizar o ambiente de trabalho para seu time e eles não reconheceram nada, que largaram de entregar os projetos e um festival de perdas de prazo começaram a ocorrer, causando até compensações financeiras para os clientes gerando assim prejuízo em alguns casos para a empresa.
Eu o ouvi atentamente na sexta-feira e pedi a ele para ficar na empresa de segunda até quinta-feira e na sexta eu faria uma apresentação no espaço onde eles tem destinado as palestras para dar o disgnóstico.
Comecei na segunda feira e passei por essa área coração ouvindo colaborador por colaborador e o que eu imaginava era exatamente o que começou a ocorrer: não adianta você montar uma sede do Google se você tem o jeito de ser e pensar do “Capitão do Mato” que controla a produtividade, o trabalho, o jeito de se portar e agir dentro da cadeia produtiva, ahhh e se esse profissional pensar então em fugir para outra concorrência, está morto.
Ouvi de 40 colaboradores: 10 homens, 10 mulheres, 20 estagiários (homens e mulheres), o que havia mudado? qual ambiente preferiam mais, o antigo ou o novo Google? O que devia ser feito para voltar ao que era e sugestões de melhora?
O diagnóstico e a apresentação foi chocante para o meu amigo Junior (nome fictício), sua empresa Y é uma das mais renomadas no setor que atua e ele jamais pensou que seu conservadorismo X um ambiente que não é sua alma poderia dar um choque do tamanho que foi bagunçando completamente um clima organizacional que estava em ordem.
O time de Junior era perfeito para a nova sede, a faixa etária era perfeita, o time pronto e focado em resultados, pessoal que tinha um “time” de 70% de home office, 20% de videos conferências para alinhamento de metas e correção de rumos e 10% presencial para apresentação final e entrega dos resultados. Tudo estava perfeito. O que ocorreu então?
Com o escritório novo, Junior exigiu que os funcionários fossem a sede, ao irem a sede, ficaram expostos aos controles internos, os espaços de descanso, cafés e games se tornaram lugares para pessoas não comprometidas se ficassem por mais de 10 minutos, todos com medo, um clima pesado, todos de ombros pesados, o pior ainda estava por vir, Junior mandou instalar um relógio de ponto para registrar e controlar o horário de todos os funcionários.
O diagnóstico final e o apelo de 98% dos funcionários de Junior, todos queriam o velho escritório sem nada de volta, o fim do novo Google e o velho regime de menos tempo no escritório, mais tempo para gerar negócios e cumprir resultados. E os 2% que estavam amando tudo que Junior estava fazendo? Os puxa sacos da organização, que toda organização tem e são verdadeiras ervas daninhas para o fracasso.
Quando apresentei o diagnóstico ao Junior, foi duro, é difícil alguém ouvir críticas do seu jeito de conduzir os negócios, ainda mais quando os números dele são super positivos em mais de 25 anos de carreira, e ver que por seu jeito de ser, de pensar, é positivo com uma forma de gestão mas se mostrou um verdadeiro desastre em uma gestão modinha implantada e pior, gasta, atrapalhando sua empresa.
Recomendei a Junior manter o novo Google por mais 6 meses de experiência com as seguintes ações:
- Fim do relógio de ponto e volta do ambiente Home Office/ sede. Time responsável, focado em resultados, altamente criativo não precisa de Capitão do Mato. Ah, lembra dos 2%, os puxas, pois é, a idéia do relógio de ponto foi exatamente de um deles.
- Participação do Junior em um momento do café onde há mais funcionários, e não para apressá-los para voltar as suas estações de trabalho mas para ouvi-los naquele momento, participar das conversas deles, se não conhecer o assunto, seja um excelente ouvinte e aprenda.
- Jogue junto, descanse também, medite, durma, escute uma música, leia um livro, desfrute do seu gasto, senão ele será inútil. Com isso seu time vai vê-lo como participe e não como quem faz demagogia e hipocrisia focado apenas no lucro.
- Demita o Responsável pelo RH urgente pois se ele está dentro da casa e não conseguiu diagnosticar um simples clima organizacional desconecto entre realidade X prática organizacional ele não merece ser um gestor de pessoas. Foi apenas mais um capitão do mato junto com os puxa sacos.
Ontem Junior me ligou agradecendo que o time já havia produzido mais na semana de 17/03 a 22/03 do que o mês inteiro de fevereiro e conseguiram recuperar alguns clientes importantes que estavam começando a aprender por simples falta de atenção, coisa que foi feita com ligações e e-mails mais agradáveis pois o time estava leve de novo.
Perguntei: e você Junior? Como está?
E ele me respondeu: “Um sempre conservador adaptando-se ao mundo desses meninos loucos por qualidade de vida, que parece que trabalham quando querem mas me entregam tudo o que eu preciso e agora no prazo certo de novo”
Ensinamento do caso: Não adianta você querer ser um Google com pensamento de REPARTIÇÃO. Você precisa investir e agir no que realmente sua empresa precisa para continuar no plano de negócios que ela escolheu seguir e não mudar o rumo para MODINHAS que a levarão para verdadeiras confusões de gestão.
Bons negócios.
Observação: A foto não é do escritório do Junior, apenas para ilustrar o post.